EXIGÊNCIAS de CONFORMAÇÃO pARA CÃES DE TRABALHO X CÃES PARA EXPOSIÇÃO


Freqüentemente criadores, proprietários e apaixonados pela raça Labrador, me fazem esta pergunta: Qual a diferença de um cão de trabalho x cão de exposição? As exigências quanto à conformação física de ambos são as mesmas?

Há alguns anos atrás, eu perguntei a um renomado arbitro de todas as raças a respeito disso, ele me respondeu que o cão de Trabalho (função) e o cão de Exposição (Show) deveriam ter a mesma conformação e condição exatamente.

Vejam que se fossemos examinar a história do Retriever do Labrador, constataríamos que o cão Labrador foi criado com um propósito em mente - ser um cão de caça, um recolhedor de água e terra, e isto era verdade em Newfoundland onde os pescadores levavam seus labs ao mar para recobrar peixes que se soltavam das redes de arrasto. A caça em terra veio mais tarde, quando na Inglaterra descobriu-se que eles também tinham a habilidade de recolher aves abatidas sem danificá-las com a boca (Boca doce/macia), esta inclusive foi à principal razão deles terem sido importados para a Inglaterra por desportistas do século 19, em sua totalidade Lordes, que tinham o hobby de caçar aves. 

Por definição, conformação em qualquer raça é a formação simétrica e arranjo do (corpo) partes; conformando um modelo ou um plano (padrão de raça). A primeira pergunta que tem que surgir quando estamos julgando qualquer raça ou avaliando um espécime individualmente é: "o cão pode fazer o trabalho que era pretendido originalmente que ele faria"? É incontestável que conformação formal é o básico à sobrevivência de qualquer raça e é igualmente importante ao cão de Show (exposição) e ao caçador (Trabalho). É então absurdo, pensar em “TIPO” como algo extra para criar “soundness” ao invés de uma boa conformação (que é equivalente a movimento formal, e correto). Sem eles você não pode ter um verdadeiro “TIPO” de raça. Adequadamente, há um (e só um) ‘TIPO” correto de Labrador, que vem a ser exatamente o descrito no padrão racial.

O Labrador ideal, e eu digo ideal porque o espécime perfeito não nasceu, e nem vai nascer, deve em minha opinião, possuir a conformação de um cão de caça, que seja capaz de recolher (retriever) a caça e que seja capaz de habilmente executar o trabalho de campo, e também de ganhar exposições de conformação e beleza, a substância e soundness para caçar no planalto e na nas águas durante longas horas debaixo de condições difíceis, e a disposição para ser um companheiro fiel e amigo de família devem ser a mesma neste cão a qual denominamos ser um LABRADOR de fato. Em tudo, as características físicas e características mentais deveriam denotar o trabalho para qual o cão foi criado para executar.

É importante se lembrar que conformação não é uma qualidade que ou é completamente presente ou completamente ausente. Há muitos graus de conformação. O problema que enfrentamos com os Labradores (e em muitas outras raças) hoje é definir que grau de variação do padrão de perfeição é aceitável para nós mesmos e, então, para a raça.

É muito triste, mas é verdadeiro, que existam muitas pessoas que imaginem, ou tenham a idéia equivocada que o espécime ideal da raça é o que está ganhando nas exposições, ou mesmo que esteja prosperamente ganhando em provas de campo, ao invés das características que eram essenciais no desenvolvimento da raça. Esta falsa noção conduziu ao falecimento de muitas raças esportivas como cães trabalho - enquanto alguns cães julgados por árbitros especialistas, que tem por natureza própria dar peso maior em seus julgamentos a uma “LINHAGEM” que a eles agrada, em detrimento de uma analise criteriosa da conformação, e da estrutura e movimentação dos cães, o que acaba por acontecer e que estes acabam por prover cães medíocres, muitas vezes não merecedores de títulos de conformação, o que constatamos e que muitos destes estão fisicamente impossibilitados de fazer o trabalho ora pretendido originalmente que a raça executava, eles estão em falta nessas características que formaram a base para o conformação da raça e padrão. Igualmente perturbador e constatar que muitos criadores se esquecem de que criam uma raça secular, que com muito esforço foi preservada, gerando assim um patrimônio, que não tem um dono, um proprietário, devendo assim ser respeitado e preservado sob duras penas. Jamais esquecendo que não podem existir dois ou mais ‘TIPOS” de labrador, e sim somente o descrito no Padrão racial, e que a raça não deve ser alvo de gostos pessoais, e sim de um estreito respeito ao padrão racial.

Adaptação e tradução de autoria do Criador e Arbitro do Sistema FCI – Roberto Rodrigues Junior, do texto publicado pelo Dr. Bernard W. Ziessow, criador da raça desde 1930, Canil Franklin - EUA, criador de mais de 70 - American champions, e muitos Field Champions, texto redigido originalmente no ano de 1990.