A IMPORTÂNCIA DOS CLUBES DE RAÇA


A Importância dos Clubes de Raça (em resposta)

    Existem diversas linhas de raciocínio sobre Clubes de raça pelo mundo afora, a mais comum delas e mais racional quero acreditar, e de que os Clubes especializados de raça deveriam promover a congregação dos criadores, e incentivar a criação ordenada e responsável da raça, compromissando os criadores envolvidos com a preservação da tipicidade da raça canina escolhida, e nisto ninguém em absoluta saúde mental discorda.

    Na pratica o que tem sido constatado ao longo dos anos principalmente aqui no Brasil, e que a maioria das raças que criaram seus Clubes Especializados, infelizmente tiveram sérios e grandes problemas, pois um clube especializado de raça só funciona quando você tem um numero muito grande de criadores envolvidos, pois só ai haverá uma grande diversidade de opiniões, democratizando... ou seja "despersonificando" a condução dos destinos do clube e por conseqüência da raça no pais.

    Clubes especializados que não congregam a quase totalidade dos criadores deveriam ser repensados, porque alguma coisa já deu errado na sua formação, pois nestes casos corre-se o risco de os mesmos se transformarem desde o seu inicio em mero “Bunker” de amigos dentro da raça.

    O Brasil, em seu aspecto negativo apresenta como decorrência natural a formação de elites que antes de ser apenas uma conseqüência, acabam sendo a prova cabal da grande incompetência na igualitária distribuição, ate mesmo de conhecimento e oportunidade.

    O sucesso dos Clubes de raça no Brasil no meu entender se daria se contássemos com uma cultura diferente da que é constantemente apreciada.

    A lei do Gerson infelizmente está impregnada na mentalidade de algumas pessoas, e de forma inequívoca o que acaba por acontecer, não só na raça Labrador, mas em outras raças e que um Clube de raça que deveria ser: uma entidade que congregaria criadores (desfrutando ou não de identidade de opiniões), que ali se reuniriam com o propósito único e principal de preservar a raça, independente de suas rusgas pessoais e de seus diversificados interresses, protegendo-a dos oportunistas, propiciando aos criadores que a essas entidades pertencessem uma constante reciclagem e aprendizado, não cumpre com este papel.

    O que se pode constatar e que muitos dos criadores que fazem parte dos clubes de raça, tem objetivos diversos dentro da raça, alguns são pessoas extremamente vaidosas e que tem por objetivo pessoal criar um “cartel” onde só os que estão comprometidos com a “elitização” e a formação de um “bunker” que essas pessoas insistem em chamar de “grupo”... são bem vindos, outros são meros oportunistas que querem de fato somente se inserir neste "grupo", a fim de terem aos olhos de leigos suas criações valorizadas por ostentar ser sócio de tal clube, emprestando credibilidade a suas criações muitas vezes medíocres. Outros mesmo não concordando com o rumo deste clubes não querem ficar de fora temendo justamente serem penalizados por não pertencerem a tal “Grupo”, o temor esta em serem hostilizados e terem suas criações depreciadas por entrevistas e artigos escritos pelos membros destas "facções", que insistem impor a lei de que somente os criadores que pertencem a este “grupo” são sérios, são éticos, e criam qualidade.

    E por fim uma minoria, que realmente estariam ali para tentar fazer algo de positivo pela raça, mas que acabaram por se afastar, desestimulados quando descobriram os meandros disto tudo, como foi nosso caso, que após ter sido sócio fundador do CPL – Clube Paulista do Labrador, acabamos por LIVRE E ESPONTÂNEA vontade se desligando do Clube em questão, ou seja “nos demitimos”, quando constatamos que tínhamos um presidente extremamente autoritário e controlador, que não respeitava sequer senhoras que tem idade para ser sua mãe, as mandando "calar a boca".

    Do outro lado infelizmente tínhamos também uma diretoria que por razões a mim ignoradas foi conivente com este comportamento, e que não se interressava em assumir a idéia de que um Clube especializado de raça não pode ter dono, limitando-se aos membros comentarem entre si que “teríamos que aguardar o fim do mandato” do referido presidente, suportando por longos anos uma administração desastrosa, que jogou no lixo 4 longos anos, onde de efetivo nada foi feito pela raça.

    O que se constata neste casos  e que a diretoria desses clubes acaba se apoderando da raça, e ao invés de servir a raça acabam se servindo dela, como se fossem os únicos donos das verdades absolutas que de forma egoísta acabaram concluindo de forma isolada e antidemocrática.

    Enquanto não se pensar na raça de forma dinâmica na qual ninguém tem verdades absolutas, qualquer clube especializado tenderá ao fracasso. Este comportamento se reflete fundamentalmente em saber aceitar a enorme variedade de opiniões de uma forma tranqüila e pacifica, porque sem sombra de duvida a raça deveria ser tratada de forma democrática, onde um sem numero de criadores que apesar de possuírem opiniões diversas, devem ter em comum, e ai sim requisito fundamental, o amor pela raça em questão, e não um sentimento de posse pela “sua” raça, tendo como reflexo disto a formação na verdade de um “Clube do Bolinha”, ou da “Luluzinha” como alguns podem preferir, que de forma agressiva, praticamente a fórceps! Querem intimidar os demais criadores a se valerem de suas idéias e objetivos, praticamente os chantageando, e ai desagregando de fato, criando facções, onde o criador é julgado como Competente ou Incompetente em função de pertencer ou não a esses determinados Clubes, como se o fato de pertencer a um Clube influencia-se na qualidade dos animais ora criados.

    É comum encontrar na internet textos que enobrecem a existência dos Clubes de raça, e aqui estaria eu fazendo o papel de ingênuo discutindo a utilidade de um Clube, é evidente que são úteis e de que de forma correta fazem muito bem para a raça, porém é preciso esclarecer ao leigo que qualquer instituição, seja ela privada ou publica, de cunho Comercial ou filantrópico, tem como espelho a atitude de seus membros ou funcionários, e é diretamente responsável pelos rumos do que se destina a fazer, pois através da atitude de seus dirigentes e que a conduta e a estratégia de ação é planejada e desenvolvida.

    Neste ponto, ao invés de escrever textos que só desagregam e conduzem a formação de “grupos” os Dirigentes e criadores responsáveis, que efetivamente tem amor pela raça deveriam se conter nestes momentos, buscando o entendimento e não incitando a discórdia.

    Organizar exposições de beleza, trazendo árbitros do exterior, sem sombra de duvida não deveria ser o objetivo principal de nenhum clube especializado de raça, quando infelizmente no Brasil temos prioridades muito mais serias e que deveriam ser priorizadas,.

    Traçando um paralelo e como dar a um “caipira” um note book...., e uma enxada ao universitário...  há de certo uma inversão de valores e de prioridades, pois infelizmente no tocante ao controle na criação de labs, nos Brasileiros estamos mais para Caipiras do que para Universitários, pois permitimos acasalamentos sem controle algum de Displasia e demais doenças hereditárias, permitimos a venda de filhotes em sites de leilão, o acasalamento de cães com incompatibilidade genética de cor, não discutimos sobre o polemico assunto da venda de filhotes já castrados, estas sim deveriam ser as prioridades # 1 do Clube, o controle efetivo sobre a criação, a criação de comissões para discussão desses assuntos, e a criação de propostas efetivas para coibir essas condutas que muitas vezes são realizadas pelos próprios membros destes ditos clubes, em total ironia com o discurso dos mesmos, será que é do conhecimento dos dirigentes que existem criadores membros dos clubes já defendendo até a criação com cães com chapa D, o que muito assusta aqueles que a duras penas vem ao longo dos anos desenvolvendo suas criações com seriedade? isto sim deveria ser cuidado pelo clube, a formação de convênios com clinicas especializadas em Radiologia Veterinária, uma aproximação com o CBRV para que os laudos tivessem um reconhecimento internacional, e uma credibilidade maior, enfim... problemas não nos faltam.

    Ao contrario disso, o que se houve falar e somente em especializadas, competição..., como se só isso fosse importante, um bate papo entre criadores a cada 4 ou 5 meses é o caminho para preservar a raça?

    Se as especializadas não são uma competição porque eleger o BISS? Porque a criação de um titulo “Top Quality”? titulo este que “deve ser orgulho” para o que o cão que o possuir? se assim não fosse “bastava” simplesmente a sumula do arbitro individualmente a cada exemplar, e não a qualificação deles com relação aos demais, não sejamos hipócritas, não há como negar que há competição, renegar a isso é titular os outros de ingênuos ou de imbecis.

    O que ocorre por aqui é que as exposições deveriam ser o ápice de um trabalho feito na raça, o objetivo final, tudo na vida tem começo, meio e fim..., e nos não deveríamos inverter esse ordem, e sim pensar em especializadas como um efeito colateral positivo de um trabalho de anos e anos, organizando e normatizando a raça, criando uma mentalidade positiva, afastando o clima de competição das mesmas, que embora seja este clima de “competição” renegado pelos mesmo é evidente que existe, pois caso não existisse alguns criadores não se incomodariam tanto com o sucesso dos outros, e nem divulgariam com tanto ufanismo a conquista de seus cães tanto no Brasil como no exterior.

    O começo no nosso entender seria o de tornar os clubes IMPESSOAIS, sem donos, sem proprietários, democráticos, isso sim garantiria a existência e o sucesso dos mesmos, e não a exclusão de criadores que tem opinião diversa dos demais, quando se começa pelo fim, perde-se o sentido e o amadurecimento natural das idéias que teria se conquistado se o começo de fato fosse feito de forma racional e não emocional.

    Pertencer a um “grupo” de criadores que se vangloriam serem sócios de um clube deveria ser motivo de orgulho sim, “se” neste grupo houvesse um sentimento democrático e de respeito a opiniões diversas de terceiros, mas ao contrario disso no nosso entender é motivo de vergonha, de elitismo, e de falta de habilidade política e, de controle emocional em admitir que a Raça Retriever do Labrador nunca teve, não possui e nem nunca possuirá proprietários.

    Só me resta terminar essa narrativa, realmente desejando que um dia tenhamos Dirigentes hábeis e inteligentes, que enxerguem que o caminho para a manutenção e sucesso de um Clube é exatamente em implementar uma democracia, onde todos sem distinção, tenham direito a suas opiniões e que estas sejam de fato respeitadas, para por fim essa perda de tempo constante que é discutir pela internet, pois ainda acredito que se sentássemos em uma mesa, cada qual respeitando o espaço dos demais, conseguiríamos um entendimento, pois não é possível que pessoas que dizem "amar" tanto uma mesma raça canina, tenham entre elas ideais para a raça tão diferentes.

    Nos encaminhamos a Sr. Marcos Rossi (atual Presidente do CPL), um novo pedido de associação ao Clube, pois torcemos que essa nova Diretoria possa de fato desenvolver o trabalho que deve ser feito em prol de "nossa"  raça, esperamos que nosso requerimento seja deferido, mostrando assim que esta administração começa com uma proposta diferente da anterior, uma proposta democrática, onde independente da representatividade da qual o criador tenha, seja ele um pequeno ou grande criador ele tenha seu direito a opinião preservado e respeitado.

Roberto Rodrigues Junior - 01/02/2007