MEGAESÔFAGO


Megaesôfago é o termo descritivo para o sintoma clínico de dilatação do esôfago. Pode ser congênito (o animal nasce com o problema) ou adquirido (secundário a outras patologias). A maioria dos casos tem natureza congênita e há evidências de que esta condição seja hereditária tanto no cão como no gato.

O megaesôfago congênito tem sua origem desconhecida, e caracteriza-se por um retardo no movimento peristáltico do esôfago, resultando em um transporte anormal ou malsucedido de ingesta entre a faringe e o estômago, levando a um acúmulo de alimento e finalmente a uma dilatação do órgão. Acredita-se que a diminuição da motilidade e a dilatação esofágicas resultem de disfunção neuromuscular primária ainda desconhecida

Os sinais clínicos incluem eliminação de alimento não digerido (regurgitação) logo após a alimentação (imediatamente ou até 12 horas após). O animal pode até sufocar-se algumas vezes. A regurgitação ocorre sem esforço e o alimento expelido geralmente está recoberto por muco. Normalmente observa-se perda de peso, fraqueza, desidratação, mineralização esquelética diminuída, abaulamento da região cervical do esôfago (sincronizado com a respiração), e o desconforto após as refeições é visível.

O diagnóstico é baseado no exame radiográfico, que vai revelar um esôfago dilatado, contendo gás e ingesta. Pode ocorrer um deslocamento ventral da traquéia e do coração devido ao aumento do órgão. Muitas vezes, o megaesôfago não é observado em radiografias simples, sendo necessário um esofagograma contrastado (exame realizado após administração de contraste). Pode-se evidenciar também opacificação em campos pulmonares, compatível com pneumonia, neste caso por aspiração, que é a complicação mais comum do megaesôfago.

Há algumas condições que podem produzir dilatação esofágica transitória, como por exemplo, aerofagia, ansiedade, dispnéia, anestesia e vômito, e não deve ser confundida com a patologia.

Nos casos de megaesôfago congênito, é essencial iniciar o tratamento logo após o desmame do filhote. O tratamento consiste no fornecimento de alimento em pequenas quantidades em intervalos regulares. A comida deve ser colocada em um nível superior que ultrapasse a altura do animal, por exemplo, numa escada, aonde o alimento descerá ao estômago por força gravitacional. Com isso o animal poderá recuperar-se dentro de alguns meses, devido à estimulação dos músculos e prevenção de distensão adicional do órgão. Além disso, alimentar o animal nesta posição pode diminuir a possibilidade de aspiração do conteúdo esofágico. O tratamento cirúrgico do megaesôfago é um assunto controverso, sendo considerado por alguns autores válido e para outros não.

Outra forma de apresentação da patologia é o megaesôfago adquirido (secundário), que pode estar presente em várias enfermidades que acometam o sistema nervoso ou os músculos esqueléticos, como a miastenia gravis, toxoplasmose, cinomose, polineuropatia, lúpus eritematoso sistêmico, polimiosite, intoxicações (chumbo e tálio), hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo, paralisia por carrapato, botulismo, gangliorradiculite, compostos anticolinesterásicos e polineurite.

O prognóstico depende da causa e da idade do início dos sintomas. Quanto mais cedo for identificada a patologia, maior a chance de sucesso no tratamento. Se ocorrer megaesôfago grave, a recuperação completa é improvável. A pneumonia e má nutrição limitam a longevidade dos animais e a morte pode ocorrer. No caso de megaesôfago secundário, se a causa fundamental puder ser identificada e tratada com êxito, a sintomatologia de megaesôfago pode desaparecer.

Texto extraído do site: www.kennelclub.com.br
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